“Atualmente o paradigma sobre o que é ser criança tem de ser desenvolvido de forma positiva no que concerne aos seus direitos e ao seu bem-estar. Desta forma, torna-se imprescindível refletirmos sobre os direitos destes cidadãos e sobre a forma como podem ser uma voz ativa no seu concelho de residência.” Catarina Mendes, Vereadora da Educação, explicou assim a pertinência da candidatura de Albergaria-a-Velha ao programa Cidades Amigas das Crianças, da UNICEF, estando já a implementar algumas ações no terreno.
A sessão, que decorreu ontem na Biblioteca Municipal, contou com a participação de Eduardo Sá, convidado para o grupo de coordenação da candidatura como especialista na área de infância e juventude. O psicólogo clínico e autor traçou um quadro pouco favorável do que é ser-se criança nos dias de hoje, com semanas de 60 horas dedicadas ao trabalho escolar e pouco tempo para a brincadeira, na medida em que os pais colocam a escola à frente de tudo. “Nos últimos 20 anos, as crianças perderam mais de 10 horas semanais de brincar”, frisou Eduardo Sá. Na sua perspetiva, é importante deixar as crianças manifestarem-se com autonomia na cidade, criar as condições necessárias para ela se sentir bem, pois “uma cidade que tem em consideração as crianças é uma cidade de futuro.”
Incorporando esta perspetiva de descobrir o que os mais novos realmente querem para a sua cidade, a equipa técnica de implementação do programa está a desenvolver o diagnóstico local através de um mapeamento participativo, com pessoal técnico a visitar as escolas e a escutar ativamente o que as crianças mais querem para o Concelho e o que gostariam de mudar. Ao todo, já foram ouvidas 142 crianças de várias idades, mas Patrícia Ribeiro, representante da equipa técnica, salienta que o projeto implica a partilha de responsabilidades e o envolvimento dos pais.
Além da equipa técnica, a Câmara Municipal criou um Grupo de Coordenação constituído pelo Presidente da Câmara Municipal, António Loureiro, pelo Presidente da Assembleia Municipal, Mário Branco, pela Vereadora da Educação, Catarina Mendes, pela Chefe de Divisão de Educação e Ação Social, Sónia Valente, por um especialista na área de infância e juventude, Eduardo Sá, por uma representante da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens de Albergaria-a-Velha, Filomena Bastos, por uma entidade representante das associações desportivas e recreativas com atividades dirigidas para a infância e juventude, Sport Clube Alba, por uma representante dos Agrupamentos de Escolas, Isabel Santos, por um representante do Ensino Privado (a definir) e por uma instituição representante das IPSS na área de Infância e Juventude, Probranca.
“O compromisso de todos na promoção do acesso das crianças aos espaços, equipamentos e programas, municipais ou outros, onde se sintam bem e que promovam o seu desenvolvimento harmonioso e feliz significa que serão ouvidas no processo e que os adultos vão estar atentos a cuidar, para que se cumpram os objetivos”, destacou Catarina Mendes.
O Programa Cidades Amigas das Crianças preconiza a adoção de uma política coordenada para a infância e adolescência, que potencie a articulação entre todos os sectores municipais e o estabelecimento de parcerias com instituições da comunidade que promovam o bem-estar de todos os cidadãos, em particular das crianças e jovens que, em Albergaria-a-Velha, totalizam quase 5000.