A partir de 3 de fevereiro, o Cineteatro Alba terá patente a exposição “Grécia: O Purgatório Europeu” do fotojornalista Ricardo Lopes. A mostra apresenta-se como um portfólio fotográfico sobre alguns dos campos de refugiados e centros de acolhimento que o autor visitou e fotografou em 2016.
“Naqueles campos, sente-se o ciclo vicioso da História dos nossos tempos: a marca indelével da guerra, da perseguição, da garra de sobrevivência humana, mas também da perda de esperança”, escreve Ricardo Lopes. De acordo com as estatísticas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), em 2016 chegaram 177 234 pessoas às Grécia, fugindo da guerra, da perseguição, da morte a pairar no dia-a-dia e de uma vida sem esperança. São campos amontoados, sem privacidade, sem condições básicas de higiene ou segurança, sem alimentação adequada, que o fotojornalista encontra. Nos rostos, a tristeza de quem se sente rejeitado, embora haja sempre a esperança de um futuro melhor. Pois, regressar, não parece ser uma opção.
“Os cigarros já não apaziguam o ingrato vazio do futuro: voltar é impossível e a Grécia dos refugiados é terra de ninguém. O abandono é omnipresente e paira como uma ave de rapina nos pedidos de asilo apresentados através de uma linha de Skype que nunca está disponível; na miragem de uma entrevista de admissibilidade, na falta de privacidade, no lixo que se acumula nas avenidas entre tendas e contentores, numa Europa que não age nem reage. A linha entre o esmorecimento e a insanidade é um abismo periclitante”.
Ricardo Lopes nasceu em Lisboa em 1990. Formou-se em Fotojornalismo pelo Cenjor - Centro de Formação Profissional para Jornalistas em 2017. No mesmo ano, começou a colaborar com o Global Media Group, publicando o seu trabalho nos jornais nacionais dos grupos, nomeadamente: Diário de Notícias, Jornal de Notícias e TSF Online. É colaborador do jornal Público, cobrindo temas como política, economia, ambiente, cultura, arte e viagens para as edições diárias e suplementos semanais do jornal.
Embora o fluxo de refugiados e migrantes a chegarem à Grécia tenha diminuído bastante nos últimos anos – em 2021, foram menos de 9000 pessoas a chegar ao país de acordo com dados da ACNUR – a crise migratória ainda não acabou e deve continuar a merecer a atenção de todos.
A exposição “Grécia: O Purgatório Europeu” pode ser visitada durante o horário normal de funcionamento do Cineteatro Alba até ao final de fevereiro. Ela insere-se na estratégia de sensibilização sobre a temática dos refugiados, promovida pelo CLDS 4G Albergaria IntegraT.