Os Moinhos de Água predominam em Albergaria-a-Velha - concelho com o maior número de moinhos de água inventariados da Europa - constituindo um dos elementos importantes da paisagem rural das linhas de água que percorrem todo o concelho. São elementos com elevado valor patrimonial que deliciam a vista às gentes das suas terras e a todos os visitantes que se atrevem a explorá-los.
Albergaria-a-Velha é uma terra de tradições feitas de água, pão e moinhos. Pretende-se, com a criação da Rota dos Moinhos de Albergaria-a-Velha, reavivar essa identidade através de um produto turístico e cultural que alia a preservação e valorização deste património nas suas vertentes material e imaterial. A Rota dos Moinhos é uma oferta para residentes e visitantes que permite assim que estes possam conhecer um pouco melhor este concelho, as suas gentes e a sua história.
A Rota dos Moinhos, iniciativa promovida pelo Município de Albergaria-a-Velha, nasceu no âmbito de um projeto para a requalificação e valorização do património molinológico de Albergaria-a-Velha. Faz portanto parte dos objetivos do projeto identificar e valorizar o património cultural, através da sua divulgação, proteção e dignificação. A Rota dos Moinhos é constituída atualmente por 11 núcleos num total de 14 moinhos com 19 casais de mós, distribuídos por diferentes freguesias do concelho.
O moinho era um dos lugares centrais na vida de uma comunidade rural, onde as memórias de outrora, continuam bem vivas nos rituais diários dos moleiros e no girar interminável das suas mós e rodízios. Embora existam engenhos em todo o concelho, é ao longo do Rio Caima que temos as unidades de maior expressão e importância, uma vez que o caudal mais estável permitia uma laboração permanente. Contudo, também nos rios Fílveda e Jardim, nas ribeiras de Albergaria-a-Velha, Fontão, Frias, Fial e Mouquim e nas inúmeras corgas e valas de todas as freguesias, se encontram vestígios ou registos de mais de três centenas e meia de moinhos, indiciando a importância que a atividade moageira teve na região.
Estes moinhos foram edificados sobretudo no século XVIII e XIX, com recursos a materiais de construção locais. Situados nas margens dos rios e ribeiros, aproveitavam a força hídrica dos cursos de água, desviando-a pela levada diretamente até ao cubo onde a pressão era aumentada pelo efeito de gravidade, alimentando as penas do rodízio em madeira e fazendo-o girar.
A força gerada por esta ação é transmitida pelo eixo, gerando a força para mover as mós de pedra. Muitos deles eram moinhos de diversos proprietários, pelo que eram utilizados de acordo com um horário previamente acordado entre todos os seus utilizadores.
Aqui moíam-se sobretudo as culturas locais, com particular destaque para o milho e trigo. Estes engenhos eram também usados para o descasque do arroz produzido na região do Baixo Vouga, usando-se para isso placas de cortiça que cobriam as mós, que reduziam o seu efeito abrasivo.