Mamoa 1 do Taco
É um dos mais impressionantes túmulos pré-históricos do Centro-Norte de Portugal.
Intervencionado por Fernando Silva em 1985 e alvo de restauro e valorização em 2015, este monumento possui características singulares que o tornam especial.
Trata-se de uma sepultura de câmara simples, com cerca de 6000 anos, onde terão sido depositadas algumas das pessoas mais importantes da comunidade de então. Dos vestígios dos rituais funerários ali praticados, restaram apenas algumas das oferendas que foram feitas, como machados em pedra polida, micrólitos e lâminas em sílex e cerâmica.
Verdadeiramente surpreendente foi o achado de uma mó manual onde se triturou um colorante vermelho para ser utilizado ou no ritual sepultamento ou em pinturas nos esteiros entretanto desaparecidas.
A singularidade deste dólmen prende-se também com os motivos gravados que ornamentam o interior da câmara funerária. A este espaço de reclusão subterrâneo semelhante a uma gruta, apenas alguns membros da comunidade teriam acesso. Ao entrar a luz tremeluzente de tochas iluminava as paredes, já em si ornamentadas pelas cores, brilho e texturas naturais dos esteios de xisto. A este cenário foi adicionada uma magnifica composição gravada no topo do E3 que capta o olhar. Aí, quatro combinações de arcos de circulo concêntrico foram abertas através de um cuidado trabalho de picotagem sobre uma película ferrosa da superfície, criando um efeito pictórico pelo contraste com a cor anterior do sulco. Neste e demais esteios da câmara conservaram-se outras gravuras mais discretas e superfícies. Estas figuras, menos visíveis, surgem como apontamentos isolados nas paredes da câmara: a grelha na base do E3, o pequeno motivo sub-retangular e geométrico do E2, o retângulo esboçado em E5 ou os conjuntos de linhas paralelas de E1 e E4. Porém, é a grande composição de atreos de círculo que nos fornece elementos sobre os contextos culturais e simbólicos das comunidades neolíticas desta região, já que remete para uma corrente de Arte Atlântica desde o Noroeste peninsular às Ilhas Britânicas. E, na realidade, encontram-se os melhores paralelos para esta composição no monumento megalítico de Gavrinis, na Bretanha (França) e no interior de dólmenes irlandeses.
Mamoa 3 do Taco
É um dos mais enigmáticos sepulcros pré-históricos do Centro-Norte de Portugal.
Efetivamente, a intervenção arqueológica feita por Fernando Silva, em 1986, revelou estruturas muito interessantes e inéditas no contexto da pré-história nacional. No entanto, a intervenção de restauro e de valorização desenvolvida entre 2014 e 2015 permitiu uma nova leitura do monumento.
Deste modo, podemos afirmar que a história do monumento se terá feito em dois momentos. O primeiro (fase 1), há cerca de 6000 anos, no Neolítico Final, corresponde à altura em que se construiu uma pequena câmara funerária coberta pela enorme mamoa. Cerca de 2000 anos depois, no Calcolítico ou nos inícios da Idade do Bronze (fase 2) essa câmara foi arrasada por comunidades que tinham novos rituais funerários. No espaço central onde estava a câmara, construíram um pequeno muro que rodeava um espaço ritual. Embora não tenham sido identificados ossos humanos, pensamos que os corpos dos defuntos seriam depositados no interior de duas fossas abertas, uma no interior e outra à entrada deste recinto.