A Revista Albergue é uma edição que “serve de veículo de inventariação, preservação, valorização e divulgação da História e do Património do Concelho de Albergaria-a-Velha”, como considerou o responsável pelo pelouro da Cultura, Dr. Delfim Bismark.
O autarca falava na sessão de lançamento da 6.ª edição desse título histórico-documental, a qual decorreu sábado, dia 9, pelas 17h00, no Salão Nobre da Biblioteca Municipal. Perante uma farta plateia, onde se incluíam a maior parte dos autores de trabalhos inseridos na Revista, o vereador dissecou os artigos da publicação, afirmando que os temas de investigação são diversificados e tocam a arqueologia, o estudo da flora e da fauna da Pateira de Frossos, assim como os que se centram no património arquitetónico, azulejar e religioso. Destaque, ainda, para aspetos relacionados com a Companhia de Celulose do Caima, além dos que focam a I Grande Guerra e a Monarquia do Norte e, ainda, quatro biografias (um jornalista e escritor, um pregador cristão, um magistrado e um desenhador).
A capa, como refletiu Delfim Bismark, é elucidativa por ter recaído no retrato a óleo de William Cruickshank, empresário inglês que esteve ligado a dois grandes investimentos industriais do séc. XIX, no Concelho de Albergaria-a-Velha: a Celulose do Caima e as Minas do Palhal.
Em artigo que abre a Albergue, o Presidente da municipalidade classifica-a como um documento de excelência que, nestes seis anos de publicação, já reuniu 72 autores e mais de 1.850 páginas.
Depois de se centrar no contributo de muitos dos autores que tornam possível a presente edição, António Loureiro afirma que os mesmos concorrem para o conhecimento “das raízes da nossa história, das nossas tradições, da nossa cultura e das nossas gentes”. O Presidente do Executivo Albergariense escreve que “o êxito desta construção historiográfica (…) constitui o ponto de partida na responsabilização futura do Executivo Camarário na continuidade da recolha, preservação e disponibilização do acervo identificado à comunidade, em geral”.
Para António Loureiro a Revista é uma “homenagem a quantos acreditaram, apoiam e participaram neste projeto” pelo que, e aproveita, para deixar um agradecimento, a todos eles. E conclui o seu texto, dando nota que este projeto é um desafio que “só pode ter continuidade e sucesso com a participação de todos”.
Alguns dos autores de trabalhos inclusos na Revista, com destaque para João Paulo Tomé, Jorge Alberto N. de Lemos Godinho e António Manuel Silva, intervieram na sessão para elogiar e felicitar a publicação “Albergue”, catalogando o Arquivo Municipal como de notoriedade pelo espólio que guarda. Nota dominante para o projeto de valorização e requalificação do Sítio do Alto do Talégre, de S. Julião, na Branca, explicitado por um dos autores do texto em apreço, Manuel da Silva, que adiantou ser possível, depois do município ter adquirido terrenos, para o efeito, e a partir de 2020, visitar esse espaço arqueológico.
Com um desafio manifesto para que as memórias históricas e do património sejam transmitidas aos mais jovens porque há marcos que – disse – “têm de ser preservados”, a vereadora Catarina Mendes, encerrou a sessão. Culminou com uma palavra sobre a publicação da Revista, endereçando agradecimentos aos Albergarienses, a todos os que nela verteram os seus conhecimentos e ao Executivo que se empenhou na sua concretização.
O final da tarde reservou a abertura, na sala de entrada da Biblioteca Municipal, da exposição de pintura Retratos de Autores Portugueses, de autoria Do Carmo Vieira.
Delfim Bismark traçou, em relance a biografia da pintora, nascida em Vila Pouca de Aguiar, em 1956, e licenciada em Artes Plásticas pela Universidade do Porto. Para o vereador da cultura os rostos expostos transmitem a “força de um olhar que esbatem afetos e memórias”. São – disse – “olhares serenos e contemplativos”, retocando a “espiritualidade”.
Do Carmo Vieira mostrou-se sensibilizada, louvando o desígnio do município, pelo facto de se trazer, através da Biblioteca, a Arte. “Todos estes retratos têm as suas caraterísticas próprias e pretendem refletir os pensamentos de cada um” – quis explicitar. Este meu projeto, adiantou, presta homenagem aos autores aqui retratados. Detendo-se no de Sophia de Mello Breyner pela passagem recente do seu Centenário de Nascimento (estão, também, os de Júlio Resende, Augustina Bessa Luís, Florbela Espanca, Fernando Pessoa, José Saramago, Natália Correia e Nadir Afonso), a pintora projetou-a como uma figura preocupada com a condição humana.